data-filename="retriever" style="width: 100%;">Hora de (re)fazer planos. Abrir uma nova agenda e listar as prioridades. Finalizar mais uma década soa como renovação de esperanças. Recordo que quando entramos no ano 2000, início do século XXI, imaginei que com o passar dos tempos, muitas novidades arrebatadoras surgiriam para otimizar nossas vidas, favorecendo que todos os nossos sonhos se tornassem realidade.
Realmente, nesses 20 últimos anos as máquinas avançaram muito mais do que poderíamos imaginar. Há oferta de carros que estacionam ao comando da nossa voz, luzes programadas para acenderem automaticamente ao menor sinal de escuridão, drones que invadem todos os espaços revelam fotos fantásticas. A progressiva automatização das máquinas permite produções rápidas, precisas e com redução de custos. Sem falar nas inovações de aplicativos como o Uber, Spotify, AirBNB, entre tantos outros. Aliás se olharmos ao nosso redor, veremos que a tecnologia está presente em tudo. Novidades que certamente ajudam muito no dia a dia.
Entretanto, confesso que estou um tanto saudosista do que eu sonhei no início deste século. Passar pelo ano de 2019 e assistir, incrédula, que a terra era plana, que universidades não são lugares acessíveis para todos, que meninos e meninas teriam cores pré-definidas, que armas devem ser utilizadas para buscar a paz entre outros absurdos, são realmente pesadelos difíceis de serem vencidos. Sem contar que, inacreditavelmente, tivemos que explicar que Paulo Freire foi o mais célebre educador brasileiro, reconhecido no mundo inteiro por estimular a visão crítica de quem observa os fatos. Parecia impossível, mas foi necessário relembrar que recebeu ao longo dos seus 75 anos dezenas de títulos de "Doutor Honoris Causa" em universidades da Europa e América e premiado pela Unesco em 1986 com o título "Educação para a Paz". Eu, como professora que sou, concordo plenamente com Freire que ensinar não é transmitir saber, porque nossa missão é de possibilitar a criação ou produção de conhecimentos.
Enfim, avançamos muito nas tecnologias mas, sinceramente, tenho dúvidas do quanto crescemos como seres humanos. Podemos dizer que o ano de 2019 foi dominado pelas "fake news". Não é de se admirar, pois o WhattsApp virou dicionário para muitos brasileiros. Falamos mais pelo telefone, e-mails e mensagens do que o antigo olho-no-olho. Apesar das engenhocas serem criadas para facilitar a nossa vida, nem sempre utilizamos o tempo que sobra sequer para um abraço sincero.
Há muita preocupação com o currículo, a conta bancária e o status e pouquíssima empatia. Muita gente alarmada com os cães abandonados e passando tranquilamente pelos menos favorecidos que perambulam pelas ruas de nossa cidade.
Crescem, substancialmente, em nosso país, atos de racismo, LGBTfobia e misoginia. Chove intolerância. O que poderemos fazer para nos humanizar? É possível criar um aparelho que nos dê um choque, dispare um raio ou coisa semelhante para percebermos que é preciso dar um basta em tanta discriminação?
Nesse novo ano, desejo que você distancie-se do desamor. Eleja coisas boas que fazem seu coração vibrar e se encher de energias. Jogue fora sentimentos como o ódio, o desprezo e a vingança. Lembre-se de que atraímos para nós tudo o que desejamos para o outro. Portanto, humanize-se. Feliz 2020!